Mini Cooper – A História

Mini Cooper – A História

Autor: João Bosco Gageiro Ferreira – jbosco1958@yahoo.com.br

O Mini é a prova de que os britânicos sabem fazer bons carros quando precisam fazer bons carros. Seu nascimento tem a ver com a crise do petróleo que atingiu a Europa em 1956: Leonard Lord, chefe da British Motor Company, queria uma alternativa aos minicarros alemães, econômicos e baratos, que invadiam o mercado britânico na época – como o BMW Isetta.

Lord queria fazer um “minicarro de verdade”, que fosse um automóvel propriamente dito, e não uma motocicleta com carroceria — os chamados “cyclecars”, que pagavam menos impostos, mas só tinham três rodas. Então, no fim de 1956, ele contratou o designer Alec Issigonis e deu a ele uma pequena equipe de engenharia para tocar o projeto, que deveria ficar pronto o mais rápido possível.

Em 1957, os primeiros protótipos ficaram prontos e em 1959 o Mini começou a ser produzido.

O pequeno sedã de dois volumes (a tampa do porta-malas não dava acesso ao interior do carro, portanto o Mini original não era um hatchback) tinha o mesmo quatro-cilindros de 848 cm³ utilizado em outros modelos da BMC. No entanto, em vez de ser montado na longitudinal como era padrão na época, o motor era instalado na transversal. Logo abaixo dele ficava a transmissão, também na transversal.

O arranjo economizava espaço na hora de acomodar o conjunto mecânico à estrutura, permitindo que se aproveitasse muito mais espaço para os passageiros e sua bagagem. Além disso, essa montagem eliminava a perda de potência pela transmissão que acontece quando se adota um motor longitudinal na dianteira.

Comprovada a eficiência do layout, outros fabricantes também fizeram seus carros com motor transversal e tração dianteira. E até hoje este é o arranjo padrão nos carros pequenos.

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Primeira Geração: 1959-1967
Foto: Vauxford, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

Tipicamente britânico, o Mini não era exatamente potente ou veloz, mas era bom de guiar. A receita é conhecida: rodas bem nas extremidades, entre-eixos curto, baixo peso (apenas 620 kg nos primeiros modelos) e suspensão rígida (com cones de borracha em vez de molas convencionais), garantindo agilidade e precisão nas curvas.

Não foi à toa que, em 1961, John Cooper viu potencial no Mini como carro de competição. Cooper era dono da equipe de Fórmula 1 que levava seu sobrenome e proprietário da Cooper Car Company, onde fabricava carros de corrida para outras categorias. Ao conhecer o Mini Cooper e pilotá-lo, viu que ele poderia revolucionar o automobilismo inglês.

Como era amigo de Alec Issigonis, o designer do Mini, Cooper conversou sobre a ideia de utilizar o Mini para competições. Issigonis inicialmente não conseguiu ver o potencial do Mini para competição. Após Cooper conversar com a administração da BMC, eles convenceram Issigonis a trabalhar em conjunto com Cooper em uma versão esportiva do Mini.

Nascia ali o Mini Cooper 997, com decoração exclusiva e motor de um litro (997 cm³) com potência de 55 cv – 21 cv a mais que o original.

Além de ser elogiado por seu comportamento nas ruas, o Mini Cooper transformou-se também em um ícone do automobilismo na década de 1960: sua tocada compensava o desempenho bruto, e lhe garantiu vitórias em três edições do Rally de Monte Carlo em 1964, 1965 e 1967. E só não venceu em 1966 porque foi desclassificado ao usar nos faróis lâmpadas diferentes das especificadas pelo regulamento. Foi uma decisão controversa, porém foi a que determinou a desclassificação. O Mini também venceu dezenas de corridas no circuito britânico de carros de turismo.

O sucesso dos Minis modificados por John Cooper foi tanto, que as duas fábricas perceberam que os compradores chegavam nas concessionárias pedindo o Mini Cooper,  e não o Mini Austin e Mini Rover. A partir de então, começaram a aumentar as cilindradas, assim como a potência do motor, como descrito acima.

Carros vencedores do Rally de Monte Carlo em 1964, 1965 e 1967

Outra prova de que o Mini era um grande carro foi sua longevidade: sem maiores alterações na receita (com exceção de uma mudança mais drástica de estilo em 1969), o Mini foi produzido de 1959 a 2000, o que dá exatamente 41 anos. No fim de sua vida, o Mini tinha um motor de 1,3 litro e 63 cv, acoplado a um câmbio de quatro marchas.

Àquela altura, a British Motor Company já pertencia à BMW desde 1994. A fabricante bávara vendeu boa parte da empresa, mas ficou com os direitos do nome Mini. E, já em 2000, apresentou o conceito que daria origem à primeira geração do Mini moderno, lançada em 2001.

Embora ainda fosse pequeno, o novo Mini era consideravelmente maior que o modelo clássico, o que para muita gente foi motivo suficiente para “deserdá-lo” da família Mini. Ele ainda é produzido no Reino Unido, mas o fato de ter sido desenvolvido por alemães impede os fãs mais radicais de considerá-lo um sucessor legítimo do ícone inglês.

O Mini original é, em alguns aspectos, considerado o equivalente britânico do seu contemporâneo alemão, o Fusca, que apreciou a popularidade similar na América do Norte. Em 1999, o Mini foi votado o segundo mais influente carro do século XX, atrás apenas do Ford Model T.

John Newton Cooper, CBE

(Surbiton, 17 de julho de 1923 — Worthing, 24 de dezembro de 2000)

Engenheiro e projetista britânico, Cooper foi um dos grandes nomes do início da Fórmula 1, tendo revolucionado a categoria quando projetou e construiu o revolucionário carro de Fórmula 3 Cooper 500, o primeiro carro de fórmula com motor central-traseiro longitudinal, que transformaria a forma de construir os carros de corrida. O revolucionário carro traria frutos para John na principal categoria com sua equipe própria, a Cooper Car Company, que fundara em 1946 com seu pai, Charles Cooper. A equipe, que contaria com um dos maiores projetistas da história do campeonato, Owen Maddock, conquistou quatro títulos na principal categorias utilizando o motor central-traseiro, nas temporadas de 1959 e 1960, com o lendário Jack Brabham vencendo o de pilotos em ambas as temporadas.

Coloquei uma breve biografia dele para explicar não só como surgiu o nome Mini Cooper, mas também para mostrar por que ele é o responsável pelas corridas de Mini Cooper.

O Mini no automobilismo

A sua capacidade de tração assim como uma maneabilidade ímpar permitiu ao Mini impor-se entre carros mais potentes e de maiores dimensões nos mais importantes eventos mundiais. Em 1964 o irlandês Paddy Hopkirk venceu aos comandos de um Mini Cooper o Rali de Monte Carlo. Esta proeza foi repetida por mais dois pilotos finlandeses Timo Makinen e Rauno Aaltonen em 1965 e 1967 respetivamente.

E teriam sido quatro vitórias seguidas, não fosse a decisão controversa ao eliminar as equipes britânicas BMC, Ford e Hillman da prova em 1966 devido à utilização de lâmpadas nos faróis diferentes das utilizadas nos modelos de rua, o que diziam ser uma das exigências no regulamento.

Três Mini Coopers cruzaram a linha de chegada em 1o, 2o, e 3o, pilotados por Timo Mäkinen, Rauno Aaltonen e Paddy Hopkirk, respectivamente. Outros seis pilotos foram também desclassificados, incluindo Rosemary Smith, que havia chegado em primeiro na Coupe des Dames, pilotando um Hilmann Imp.

Ou seja, o ágil Mini Cooper britânico não foi apenas um ícone dos anos 1960 como carro de passeio; ele também dominou o altamente prestigioso Rally de Monte Carlo.

Os participantes britânicos reclamaram, notando que suas luzes eram as mesmas usadas em Montes anteriores e cheirando a rato ao elevar um carro francês à vitória. Mas os protestos da BMC e da Ford, que acabaram elevando-se ao topo da FIA, não surtiram efeito. (Desde aquela época a FIA fazendo sabotagens)

Houve conversas subsequentes sobre um boicote britânico e até mesmo sobre o fim do evento, embora nenhum dos dois tenha acontecido – como observado, Mini estava de volta para vencer no ano seguinte. No entanto, a reputação do Rally de Monte Carlo foi prejudicada.

Alguns anos depois, Bill Boddy falou do “desagrado” do caso e opinou que para o evento “muito do antigo prestígio diminuiu”, enquanto Doug Nye descreveu as desqualificações como um “escândalo totalmente vergonhoso”.

Descrevi em algumas palavras, com algumas repetições (desculpas) uma breve história desse ÍCONE da indústria automotiva, mas também de vários feitos no automobilismo britânico e mundial.

Curiosidades sobre o Mini

Na história do Mini, a última unidade da geração inglesa a deixar a fábrica foi muito depois de sua produção ter sido interrompida. Em 2012, um Mini Clubman de 1975 foi encontrado aos pedaços dentro dos túneis subterrâneos da planta de Longbridge. Esse túnel era usado pelos funcionários para se locomoverem. O carro foi leiloado e vendido por £ 1,400 (cerca de R$ 8.600,00 – na data de publicação desse artigo).

O Mini inglês fez muito sucesso no Japão. Nos anos 90, o modelo E.R.A. Mini Turbo era o mais cobiçado no país, sendo considerado um ícone retrô.

John Cooper, o lendário mecânico que envenenou o Mini para as corridas, além de colocar a Inglaterra na história da Fórmula 1, faleceu no mesmo ano em que o Mini original parava de ser fabricado, em 2000.

O comediante inglês Rowan Atkinson, com o seu conhecido personagem Mr. Bean, arrancou risadas de muita gente junto ao seu Mini amarelo de 1976. Uma cena clássica é a em que o atrapalhado personagem carrega o carrinho com tanta tralha, que tem que dirigi-lo sentado em uma poltrona no teto, o guiando com uma corda e uma vassoura.

Miniaturas

Austin Mini Mk1 Cooper S 1962 – Corgi

Essa miniatura foi lançada na série Vanguards pela Corgi em comemoração ao aniversário de 60 anos da empresa. Feita na escala 1/43, foi limitada em 5 mil unidades.

Fotos: GotModels-shop

Austin Mini Mk1 Cooper G 1973 – Welly

Miniatura da Welly feita na escala 1/24, rica em detalhes.

Fotos: Emberton Imperial

’64 Austin Mini Cooper – Matchbox

Lançado inicialmente em 2009, foram lançadas 16 variações até 2022, incluindo uma versão do Mini Cooper com um sofá no teto, lembrando a façanha do Mr. Bean em seu filme. As fotos abaixo são do modelo de 2022.

Bibliografia

1. https://en.wikipedia.org/wiki/Monte_Carlo_Rally
2. https://www.motorsportmagazine.com/articles/rally/watch-monte-s-most-controversial-finish/
3. https://en.wikipedia.org/wiki/Mini

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